25 outubro, 2013

ATIVIDADE DE INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

  • Você compartilha seus sonhos com seus pais?
  • Seus pais planejam o seu futuro?
  • Como é a sua vida de adolescente?
  • O texto que você vai ler agora é um artigo de opinião, ou seja, é um texto argumentativo em que o autor apresenta sua opinião a respeito de um determinado assunto. Considerando que o autor é um psicanalista que costuma escrever sobre o comportamento humano, qual pode ser o conteúdo do texto?
   "Não é nada de grave, mas você sabe como são as coisas, nós nos preocupamos com seu futuro..."  Há dois dias, essa mesma frase, quase literalmente, foi-me dita por pais diferentes. Eles tentavam comunicar assim sua angústia diante de uma guinada imprevista na vida dos filhos adolescentes.
    Acontece o tempo todo: os jovens se afastam das trilhas convencionais que deveriam levar a um pouco de tranquilidade econômica e social. E os pais sofrem e resistem. Eles perdem o sono, às vezes se desesperam ou, pior, reagem com violência repressora, produzindo tragédias ou armando bombas de efeito retardado.
  [...] Não é que os pais não entendam. Ao contrário, é frequente que a decisão do adolescente coincida com uma aspiração antiga do pai, da mãe ou de ambos - a retomada de um desejo ao qual eles renunciaram. Por exemplo, eles queriam tanto dar a volta ao mundo de barco a vela e acabaram no escritório de um banco. De repente, o filho ou a filha parecem querer compensar essa antiga desistência dos pais.
   O "nada de grave" com o qual começa a frase em itálico citada manifesta que os pais não condenam a escolha do adolescente. Afinal, como está subentendido, eles não são manequins para ternos cinza e tailleurs azul-marinho. Eles também preferiram outra coisa do que ao sossego. Eles também quiseram ser atores de teatro, poetas, escultores ou mochileiros. Seus devaneios foram e talvez sigam sendo exuberantes. A ponto de, às vezes, os pais, apesar de agoniados pela decisão do adolescente, mal esconderem uma espécie de satisfação, como se o jovem levantasse uma bandeira que eles, feridos pelas obrigações da vida, deixaram cair.
   [...] Os adolescentes propõem uma réplica que merece ser ouvida. Eles perguntam: por que vocês não esquecem um pouco o meu futuro? Por que não se preocupam com meu presente?
    Quando olhamos para as crianças, certamente imaginamos seu futuro e desejamos que seja radioso, mas nos importa também que elas sejam felizes hoje, não só amanhã. Com o adolescente, a coisa muda: parecemos conceber sua existência como uma longa véspera, uma espécie de cursinho. Na hora em que o jovem se desvia da estrada que desejamos para ele, quase perdemos a capacidade de enxergá-lo. No seu lugar, vemos apenas o fantasma ameaçador de um futuro comprometido.
    Ora, para o adolescente, a vida não é o futuro (calmo ou ousado que seja), a vida é aquela que ele está vivendo agora. Certo, todos cansamos de renunciar a desejos e prazeres em vista de um amanhã melhor. Mas acharíamos a experiência penosa, se não intolerável, se, como o adolescente, nos transformássemos numa espécie de cheque pré-datado, sendo vistos, amados ou receados apenas como a promessa do dia em que chegará a hora da compensação.
    Na maioria dos casos, as famílias acabam inventando compromissos entre os medos prudentes dos pais futurólogos e as decisões do adolescente revoltado que conclama: minha vida é agora. Mas há pais irredutíveis, que nunca admitem as escolhas arriscadas dos filhos. Provavelmente a rebeldia adolescente reviva neles antigas feridas dolorosas demais. As razões, às vezes, são mesquinhas, como nesta memorável observação de um pai preocupado com o filho: "Como ele quer sair viajando, quando eu desisti de dar a volta ao mundo logo porque sua mãe ficou grávida dele e tive que botar as mãos na massa?".
    Recomendo o exercício seguinte a todos os pais - e, em particular, aos pais intransigentes - na hora em que se preocupam com os efeitos futuros da rebeldia de um adolescente. Depois de bater na madeira e cruzando os dedos, perguntem-se: e se ele morresse amanhã? Se, por alguma razão, o futuro de meu rebento, que me atribula tanto, não viesse a ser? O que direi do tempo que ele viveu? Que não foi nada que valesse por conta própria, mas apenas uma espera interrompida antes que a vida começasse? 
(CONTARDO CALLIGARIS. Folha de S. Paulo, 12 abr. 2001)




1) "Artigo" é um texto produzido com o objetivo de defender um ponto de vista a respeito de um determinado assunto.



a) No primeiro parágrafo, o autor apresenta o assunto que irá abordar. É a introdução. Qual é esse assunto?


b) No segundo, no terceiro e no quarto parágrafos, o autor desenvolve suas ideias. É o corpo do artigo.
  • No segundo parágrafo, ele compara o olhar dos pais para as crianças e para os adolescentes, mostrando que os pais não enxergam o adolescente que não corresponde a suas expectativas.
  • No terceiro, afirma que, para os pais, a vida do adolescente é no futuro, e que, para os adolescentes, suas vidas acontecem no presente.
  • No quarto, afirma que a rebeldia dos adolescentes reaviva antigas feridas dos pais.
* A relação entre essas afirmações e o problema apresentado no primeiro parágrafo é de explicação, confirmação ou contestação? Por quê?

c) O último parágrafo é a conclusão do texto. De que maneira o autor conclui seu raciocínio?

2) Com base na (re)leitura do texto e na sua compreensão, responda:

a) Qual o objetivo desse texto?

b) A quem pertencem as opiniões do artigo?

3) Escreva sinônimos para as palavras destacadas, dependendo do contexto em que estão inseridas:

a) "Na maioria dos casos, as famílias acabam inventando compromissos entre os medos prudentes dos pais futurólogos  [...]"

b) "As razões, às vezes, são mesquinhas, como nesta memorável observação [...]"

c) "[...] e, em particular, aos pais intransigentes [...]"

d) "Se, por alguma razão, o futuro de meu rebento, que me atribula tanto não viesse a ser?"

4) Os pais se preocupam com os filhos, principalmente quando são adolescentes:

a De que "trilhas convencionais" os jovens se afastam e que trazem transtorno à vida dos pais?

b) A seu ver, como os pais deveriam agir quando os filhos "se desviam da estrada"?

5) Segundo o texto, os adolescentes às vezes fazem opções que não contribuem para que tenham tranquilidade econômica e social no futuro.

a) Quais são as causas que levam o adolescente a seguir um trajeto diferente daquele traçado pelos pais?

b) Qual é a diferença do tratamento dispensado pelos pais a crianças e adolescentes?

6) Se os filhos seguem outros caminhos que não aqueles esperados, os pais ficam angustiados em relação ao futuro dos jovens.


a) Na sua opinião, que consequências podem surgir dessa atitude dos pais?

b) Interprete o seguinte trecho:


7) Na visão dos pais, os filhos adolescentes vivem um longo período em que deveriam se preparar para a garantia de um futuro estável.

Para o adolescente, " a vida não é o futuro (calmo ou ousado que seja), a vida é que está "sendo vivida agora", O que você pensa sobre essa afirmação?

8) A pesar dos questionamentos dos filhos, alguns pais preferem impor suas decisões, tendo como justificativa a conquista de uma vida bem estruturada.

a) De acordo com o texto, que motivos levam os pais a valorizar mais o futuro do que a felicidade dos filhos no presente?

b) De que forma as escolhas dos filhos adolescentes despertam nos pais antigas lembranças?

9) Há pais que culpam os filhos pelas escolhas assumidas no passado. Que mensagem de vida o autor do texto transmite no final? O que você pensa sobre esse assunto?

10) Você concorda que o adolescente considera o presente mais importante do que o futuro? Explique.


Uma excelente atividade! 
Uma maravilhosa avaliação! Beijos

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